"Filhos d'alma.
É assim que se chamam as crianças geradas duas vezes, pela pobreza de uma mulher e pela esterilidade de outra."
Na Sardenha de 1950, era um costume algumas famílias adotarem as crianças de outras famílias que tinham menos condições financeiras como filhas d'alma e foi o que aconteceu com Maria Listru aos seis anos de idade, que foi adotada por Bonaria Urrai, uma costureira e mulher muito respeitada na cidade.
Mas tia Bonaria esconde de Maria um segredo, ela é acabadora, cessa o sofrimento do fim da vida das pessoas facilitando o destino a seguir com seus desígnios. Maria vive uma vida inocente com tia Bonaria e aprende o ofício de costureira, até o dia em que ela descobre a outra atividade secreta de sua mãe adotiva e as coisas não continuam da forma que sempre estiveram.
A escrita de Michela Murgia é clara e despretensiosa, a história contada em apenas 154 páginas flui rapidamente. Mas não se engane pelo tamanho, o livro tem mais profundidade do que suas poucas páginas podem insinuar. Michela trata de assuntos complexos como o amor, a família, o cotidiano em uma cidade pequena e pobre da Itália da década de 50, a morte e a vida. Ela tece a trama do livro de forma algo poética e muito bonita.
Gostei muito de ler sobre estas temáticas, a eutanásia que a acabadora pratica é abordada com muita simplicidade. Achei intrigante o fato de a acabadora ser uma mulher ordinária (no sentido de ser comum) e muito respeitada pelas pessoas da cidade. Ao tratar da morte, Michela trata da vida e das escolhas pessoais, de como cada indivíduo escolhe viver a sua própria vida (e a própria morte).
Depois que terminei a leitura percebi porque o livro foi premiado (ganhou os prêmios italianos Dessi e Campellio). Uma história muito interessante, envolvente e agradável em um livro conciso e bem escrito!
Michela Murgia |
Recomendo a leitura!
Beijas!
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